Deitado em um leito de hospital em Havana, recuperando-se de uma cirurgia para a retirada de um câncer, o presidente Hugo Chávez agradeceu aos militares venezuelanos por sua lealdade e seu amor, disse o vice-presidente no dia 16 de janeiro.
Nicolas Maduro disse a uma audiência militar que o presidente enviou esta mensagem através do ministro das Ciências Jorge Arreaza, que é genro de Chávez e está com ele em Cuba.
“Ele nos pediu que transmitisse às Forças Armadas, do fundo de seu coração, toda a sua gratidão por tanta lealdade ao comandante, um humilde soldado desse país”, disse Maduro, que visitou Chávez em Havana no final de semana.
“Obrigado a todos vocês por tanta lealdade e tanto amor”, disse Maduro, citando as palavras de Chávez.
Chávez foi submetido à quarta cirurgia por causa do câncer no dia 11 de dezembro, em Havana, onde ainda se encontra em recuperação. A mais recente complicação foi uma infecção pulmonar.
Ele não foi visto em público desde que deixou Caracas.
No entanto, antes de partir, ele recomendou às Forças Armadas que ficassem atentas a qualquer tentativa, “externa ou interna”, de desestabilizar este país, que tem comprovadamente as maiores reservas mundiais de petróleo.
Em uma cerimônia numa academia militar, o ministro da Defesa, Diego Molero, disse que as Forças Armadas permanecem fieis a Chávez, “agora mais do que nunca”.
Elas respeitarão a decisão que a Corte Suprema tomou na semana passada de apoiar o voto parlamentar, que adiou indefinidamente a posse de Chávez para um novo mandato de seis anos depois de sua reeleição, em outubro passado.
A ausência e o silêncio de Chávez causam desconforto a muitos venezuelanos. Alguns membros da oposição reclamam que o país está, na verdade, e ilegalmente, sendo comandado de Cuba e com a influência cubana.
Nada passa despercebido quando uma nação tão inteiramente dominada pelo comandante populista está sem seu líder e reflete um futuro incerto.
Por exemplo, o jornal oficial governista publicou um decreto através do qual Elias Jaua foi nomeado o novo ministro venezuelano das Relações Exteriores.
O decreto foi datado em Caracas e leva a assinatura de Chávez.
Henrique Capriles, governador de estado derrotado por Chávez nas eleições presidenciais de outubro, disse que se perguntava se o decreto da nomeação do novo ministro das Relações Exteriores tinha realmente a assinatura do presidente.
“Se o presidente da república pode assinar decretos, eu o intimo a aparecer, falar à Venezuela e nos dizer o que está acontecendo nesse governo, porque o que o país vem passando é por um ‘des-governo’”, disse Capriles.
O governo vem divulgando pouquíssimas informações sobre o estado de Chávez, que subiu ao poder pela primeira vez em 1999.
Muitos venezuelanos custam a acreditar que o extravagante Chávez, quase um aficionado em televisão e rádio há mais de uma década – não falasse à nação de alguma forma, caso tivesse condições de fazê-lo.
A ausência de Chávez, além de sua escolha por ser tratado em segredo num país comunista rigorosamente controlado como Cuba, levantou questões sobre sua saúde e o futuro de sua “Revolução Bolivariana” esquerdista.